Pisciotta (bolo de azeite)

Precisei ficar velha pra descobrir que sou mais do time das tortas do que dos bolos. Mas é menos grave do que parece: nunca deixei de fazer bolo por causa disso. Torta em geral pede mais compra de mercado, e bolo consegue sair com o pouco que se tem guardado – contanto que haja farinha, ovos e um teco de leite. Às vezes, nem de fermento precisa.

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Há poucas receitas de sobremesa no Fundamentos da Cozinha Italiana Clássica, e a maioria parece ter sido transportada diretamente de um quadro de Arcimboldo: doces rococós com montagens de mil recheios, torres de açúcar e frutas. Aos poucos vou me atrevendo nessas missões. Mas tem um bolo simples, no livro – que nada tem de convencional. Leva azeite de oliva, sal (!) e vinho de Marsala. Tem doce, tem segredinho, tem um aroma delicioso. Foi com ele que pulei o Carnaval: Pisciotta é seu nome.

Marcella Hazan conta, daquele jeito romântico que só ela, que o bolo é dividido democraticamente entre agricultores de uva e azeitona e cortadores de pedra da região, sentados à mesa na Trattoria Dalla Rosa, em San Giorgio (Valpolicella). “Alda Dalla Rosa, a matriarca, é quem comanda a cozinha”, e Nori, filha dela, faz a receita usando o azeite local, “talvez o mais requintado de toda a Itália”.

A trattoria ainda existe. E o bolo, que perfuma o apartamento hoje, lhe presta homenagem. Não consegui saber porque, em outras fontes (como na revista Saveur), se substitui Marsala por Grand Marnier (e ainda tem mais algum ingrediente misterioso, um tipo de Limoncello feito só lá). Bem, sigo Marcella com algumas alterações, e asso o bocado.

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PISCIOTTA
(serve 6 pessoas)

2 ovos
1/2 xícara + 2 colheres (sopa) de açúcar cristal
sal a gosto
casca de 1 limão (taiti ou siciliano), sem a parte branca para não amargar
1/2 xícara (120 ml) de vinho Marsala seco*
1/2 xícara de leite
3/4 de xícara de azeite de oliva extravirgem (para um sabor mais pungente, use azeite mais novo), e mais um pouco para untar a fôrma
1 colher (sopa) de fermento em pó
1 1/2 xícara de farinha de trigo

* se não tiver Marsala em casa, use rum, Jerez Cream, Grand Marnier ou outra bebida fortificada que agrade.

1 Pré-aqueça o forno a 180°C.

2 Numa batedeira, bata os ovos com o açúcar, até ficarem esbranquiçados (o segredo é esquecer a batedeira ligada, deixar ficar bem misturado mesmo. Se puder, deixe uns 10 minutos batendo, ou até mais). Acrescente à mistura todos os ingredientes líquidos, aos poucos, mais a casca do limão.

2 Em um recipiente à parte, misture o fermento em pó com a farinha (gosto de peneirá-la antes). Adicione-os aos outros ingredientes com a batedeira desligada e mexa bem.

3 Unte uma fôrma de bolo pequena (bolo inglês ou convencional) com uma camada fina de azeite de oliva, nas laterais e no fundo. Distribua a massa na fôrma e leve ao forno por 50 minutos. Asse o bolo na grade superior para o resultado ficar mais uniforme e evitar queimar o fundo.

4 Deixe o bolo esfriar e desenforme como quiser, se necessário.

Dificuldade: fácil
Precisa de quê? Batedeira e forno
Tempo: 20 min + 50 min para assar

3 thoughts on “Pisciotta (bolo de azeite)

  1. Olá Olívia, muito obrigado pelas receitas de Marcella Hazan! ótima escolha. Fiz o “pisciotta” em forma de bolo inglês 23×9 cm, standard, e vi que a 200 graus Celsius, como diz ela no livro que tenho “Essential of Italian Cuisine”, são suficientes 35 minutos, apesar que ela mesma escreva 50 minutos… vc deixou o forno a 180 graus ?

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    1. olá! obrigada pele leitura do blog, preciso retomá-lo… 🙂
      então, não sei como tá essa temperatura na versão em inglês do livro, mas já reparei que a marcella dá uma exagerada pra mais, nos tempos de forno. sim, fiz a 180ºC para chegar a isso, e ficou pronto em aproximadamente 40 minutos. O truque é sempre esperar pelo menos meia hora, abrir o forno e espetar o bolo pra ver se sai molhadinho.

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